domingo, 19 de janeiro de 2020

[Filosofia] E se os fantasmas não forem definidos pelos não-fantasmas?

E se formos independentes de todos nossos fantasmas? E se, ao buscar estarmos no limite, estamos negando a seguinte verdade: não vamos mudar a média pois ela é independente, estatisticamente, de nós, que chamarei ridiculamente (queria tanto que alguém quisesse saber o porquê de ser ridículo =x) de não-fantasmas, afinal de contas, para quem é este texto? Para você ou para seus fantasmas? (A resposta é óbvia, não é?) Enfim... Sigamos...

Estudando a distribuição de Maxwell-Boltzmann de velocidades moleculares de um gás, me deparei com a seguinte ideia: a média independe dos eventos raros, dos eventos estatisticamente improváveis. A média é defina pelo comum(!)? Sim (ou seria o contrário?). Estatisticamente, metaforicamente e filosoficamente, a existência de eventos raros são meras criações da estrutura... Droga... não está ficando didático... vou reformular esta metáfora... bom, vou usar o futebol... me parece mais "universal".

Obs.: Mesmo não estando didático, eu acho importante destacar que, mesmo podendo alterar a palavra "comum", eu preferi dizer que acho o trecho "A média é definida pelo que é" bem mais adequado, o suficiente para abrir uma observação no meio do texto.

E se a beleza de um gol é proporcional ao número de tentativas falhas de produzir tal gol? E se o belo só é belo pela estatística infundada, totalmente distanciada da média? Seria, portanto, igualmente belo os erros raros? É... Essa metáfora não vai ser didática pois deveria pressupor que há um existencialismo para as partículas possuírem determinadas velocidades... mas o objetivo não é discutir isso agora. O ponto é: as metáforas são mutuamente complexas, portanto, me permitirei facilitar ignorando as complexidades das metáforas.

Dentro de uma distribuição de N partículas de um gás ideal (algum dia iremos considerar os gases reais, se existirem), com "velocidade média" (leia-se energia cinética), ou melhor, com temperatura 300 K (cerca de 27 °C). Se estas partículas estiverem guiadas pela distribuição de Maxwell-Boltzmann, é garantido que existam partículas com altíssima velocidade ao mesmo passo que, para manter a média, exista ao menos uma partícula que está tão próxima de 0 K (-273 °C) de modo que, de modo macroscópico, a resultante, a média, o aparente, o mensurável esteja em 300 K. Bom. Deve estar se perguntando "e daí?"... Bem... Significa que, ao passo que um de nós parta para os limites da improvável alcançando os limites da energia, estaríamos também (e estamos) garantindo que exista alguém com energia tão próxima de 0 K?

É tão interessante isso, pois, numa perspectiva social, isso é a base de uma sociedade: a imposição de podres poderes. Enfim, a questão é: e se, devido ao grande número N de partículas, a média for incrivelmente indiferente aos eventos raros, sejam eles "belos" ou "feios"? A parte interessante disto é que tudo isso já é argumentado em aspectos sociais, políticos, econômicos... É tão simples que até me incomoda usar uma coisa tão clara... Talvez a forma obscura de falar coisas claras dê o contraste necessário para gerar... energia.

Energia. Geração e/ou distribuição. É disso que se trata. Como conceder maior energia mensurável ao mundo macroscópico? Se destacando e partindo ao limite do improvável gerando ao menos um fantasma miserável? Sendo este fantasma miserável deixando que outro permeie o improvável do limite? Ou seria sendo apenas... comum? Sim, para gerar energia, é preciso não apenas ser comum, mas ser comum com a energia que tende ao infinito e, assim, distribuir energias para as partículas miseráveis, as letárgicas partículas "0 K" (belo nome, por sinal). É preciso distribuir energias para as partículas medíocres, as ridículas partículas "300 K". 

Como ter energia para tanto? Como produzir energia para tanto? Simples, sendo uma partícula de Estrela e (isso, achei uma boa metáfora para este argumento) e fazendo uma Genkidama ao contrário. Ao invés de absorver o pouco poder de todos, a pouca energia de todos, canalizando a energia em um só ponto, é preciso ter esta energia que tende ao infinito... Sim... no interior de estrelas, a ordem de grandeza da temperatura das partículas que lá estão é da ordem de 100000000 K (8 zeros!... que beleza o poder de um zero!). E sim, é preciso reações, reações em cadeia para que esta energia se dissipe de uma forma que a média mude. E, por fim, sim... 8 zeros não tá nem perto do infinito... mas, o quão longe um não-fantasma consegue chegar? 

Droga... nem consegui inserir de forma elegante (me policiei para não ser elegante hoje) o conceito de fantasmas... mas posso garantir que um de meus fantasmas com certeza conseguiu... E, sem querer me prolongar na estrutura universal, lanço a mais magnífica pergunta de hoje: e se o não-fantasma for a média? Que, por sinal, é o único valor verdadeiramente fantasma... E se você é apenas o conjunto de consequências de tudo aquilo que não é? (É... uma bela metáfora seria a das moléculas usando quântica e não teoria cinética dos gases... Quântica, agora? Tô doido... Esquece o que eu disse).

O problema não é modelar a própria existência com base num conjunto de não-existências. Creio que o mais interessante seria questionar-se quais não-existências são essenciais para a sua existência? De que importam os fantasmas 0 K? Estão apenas não-existindo para dar um contraste fantasioso ao que realmente existe, o 300 K? E os fantasmas 100000000 K? Esses fantasmas me parecem mais interessantes que os 0 K. Por quê? Porque são elas que tem pra dar... Elas que precisam fazer algo por todas as outras, afinal de contas, só elas são capazes. (Precisam porque podem.)

Ah, agora sim... finalmente deixei claro. Sigamos para o fim desta nota mental antes que apareça uma metáfora quântica. E aí sim, mesmo não sendo a pergunta mais magnífica nem a mais interessante, mas, com certeza, sendo a fundamental: Se nossos fantasmas nos definem e, estatisticamente, os não-fantasmas raros são desnecessários para a existência do fantasma macroscópico, que é o verdadeiro fantasma por ser um não-fantasma, então haveria algum não-fantasma essencial para a existência do único e macrosocópico fantasma? Quais as implicações disso? Para não ser rude com você, irei por como uma metáfora quântica: É... não... Por hoje, é só isso (ou tudo isso?). 

Nota mental - 19/01/2020

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

[Filosofia] A barganha com o divino e aquilo que não foi impresso

Recentemente me perguntaram porque eu não oro a Deus por ninguém nem para pedir nada. Ora, a resposta é simples:


  • Se eu acredito em Deus, como posso barganhar com Ele? Se Deus é onipresente, onisciente e onipotente, como pedir a Deus para que veja alguma coisa que ele não estaria vendo? Desejar algo que não deseja? Como eu posso negociar com Deus, fazer promessas à vida? (Não vou entrar no mérito da pergunta de 'por que Deus me fez assim?' ou das afirmativas de que 'isso é vontade dele', seja qual for o 'isso')
  • Se eu não acredito em Deus, por que iria orar por alguém que não acredito?


Note que o importante aqui não é o conceito da existência de Deus, mas sim o uso da fé como instrumento de realizar os próprios desejos. Se você realmente acredita em Deus, por qual motivo você sente algo diferente de aceitação?

O processo de crer em Deus só leva a um sentimento: aceitação (-¿coincidentemente?- o quinto estágio da morte). Qualquer sentimento além de aceitar plenamente o que acontece faz parte do conjunto de evidências do desejo por fugas e pelo que é ilusório, pelo que pode ser tudo, menos real.

Pedir a Deus não é necessário, e nem sempre faz sentido. Achar que Deus irá mudar seus planos pela sua súplica é achar-se importante demais... e isso é demasiadamente humano. A construção de filtros de defesa, fundamentais para que haja a ilusão máxima de um de um débil intelecto humano... Controle... 

A ilusão do controle é algo dispensável, mas necessário para manter o que chamamos de sanidade. Dar-se conta de que não há nada por fazer além de viver o momento exato não é uma coisa que todos conseguem conceber e aceitar facilmente. Enfim... acho que estou me prolongando demais sobre Deus... vamos adiante.

Note também que o importante não é o conceito de religião, pois o controle de massa realizado pelas religiões não passa de um catalisador, um canalizador do processo de viver uma realidade alternativa. Uma realidade em que se é importante para o universo, que será eterno e que terá prazeres eternos. Nada diferente de um Avatar, de uma partida de LOL, óculos de realidade virtual que gera... esperança... Bom, também vou me prolongar demais quanto às religiões e realidades virtuais caso eu continue argumentando... vamos adiante.

O ponto fundamental desta nota mental para outra vida é questionar o fundamento da relação objeto/observador e o como ela é traduzida para as ilusões mentais como controlador/controlado. Talvez eu ainda escreva (E pague pela publicação do mesmo caso eu nunca seja famoso suficiente para que queiram minha publicação) sobre a diferença fundamental entre essas duas relações... Talvez vire apenas um texto de algumas páginas, ou um vídeo com algumas palavras. Talvez eu ache o que já foi escrito a mão e nunca foi impresso.

Não, não posso deixar de ir sem perguntar: a ordem de escrita é por hierarquia? O objeto é mais importante que o observador? Se não for, por que parece mais elegante dizer controlador primeiro, assim como parece encaixar melhor dizer objeto primeiro. Mas a parte que mais me motivou a prolongar ainda mais este texto é: você notou isso? Você pensou 'oxe, por que o agente ativo veio primeiro aqui e não ali? a ordem dos fatores altera o produto?'... Nossa... produto... isso me lembra que há transformações... mas, Deus se transforma? Como Deus, que é tudo, sempre tudo, e que é ontem, hoje e amanhã pode se transformar se Ele continua sendo o que é ontem? E se Deus for simplesmente o tempo? Ou melhor, 'Tempo'. Droga, divaguei novamente... mas fiz isso apenas para aliviar a pergunta que vem logo após: o que mais você não notou? No texto, no conceito de Deus, no conceito de barganhar? Quais sinais lhe passaram/passam/passarão como ruídos?

Enfim. É preciso seguir viagem, sem pressa, para sempre (como o Tempo? ou como o tempo?). E, por pura falta de opção, faço uma última pergunta, pois é preciso perguntar sem esperar resposta: Deus é o controlador? Controlado? Observador? Objeto?

Fundamentalmente, se você acredita nEle, dirá que Ele é os quatro. Mas, aqui vai a pergunta real (ou virtual?): e você, quem é?

Nota mental - 01/01/2020